quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Vai Ser Rimando - Emicida


Quando ousei deixar de lado foi que errei. A ideia só fez ganhar mais força e martelou minha preguiça até ela sucumbir, agora, volto aquilo que comecei e pelo começo. A ideia de criar esse blog surgiu ao ouvir essa música do Emicida e será sobre tal a interpretação de hoje, pois das músicas que tenho ouvido atualmente essa sem questionamentos é umas das que mais me emociona.


"A rua é nois mais do que um erro de gramática, é a frase que sintetiza a brisa do sujo na pratica
a última esperança de quem não crê em mais nada vaga sozinho como itogami na beira da estrada"



Eu não tenho outra certeza se não a que reflete essa música. Esse ritmo e poesia  é um grito de protesto, um grito de dor, um grito de afeto. Afeto pelo Hip Hop, afeto pelo Rap, afeto pelas Rimas. Tudo isso de certa forma salvou Leandro Roque de Oliveira, o Emicida. Quando se vive em um país que nega  as oportunidades para seu povo de maior vulnerabilidade social é certamente mais difícil lutar por melhores condições de vida, mas mesmo não crendo em mais nada a esperança traduzida em Rap tranformou Leandro em Emicida , que pelos duelos da vida transformou um esdrúxulo jargão em poesia. "A rua é nóis" realmente transcede o erro. Vai além da licença poética. É o sujo, o imundo do mundo buscando a pureza de denunciar aquilo que já está posto e que sem opção, mas que com a nossa omissão ao longo do tempo também ajudamos a sujar. É o desabafo daquele que chegou hoje, mas que já está na estrada desde que nasceu, pois a luta pela sobrevivência é a nossa primeira luta e foi a dele também, e ainda é.


A música transita entre um desabafo pessoal daquele que prova que é mais do que um rimador de duelos e entre aquele que não precisa provar nada, porque já sabe que é um rapper, um sujeito político, um sujeito ativo, um sujeito transformador. Ele critica aqueles que o criticam, mas vai além. Ele critica aqueles que se acomodaram. Um bom exemplo que sintetiza a música nada mais é do que um professor recém formado que sem vícios, destemido, sem desculpas e mesmo com um sistema educacional falido não desiste e luta contra tudo e todos para ensinar e nesse caso o Emicida é o professor. Professor não, guerreiro e que mesmo com a guerra parecendo perdida não desiste de lutar.


O sujo se transforma em utópico, mas sem tirar os seus pés do chão, ele voa, mas não perde a noção do real, pois tem a noção da força da mudança que ele tem dentro de si e do que ele pode promover. Ele grita sua vida, mantém a criatividade das rimas, porém com uma objetividade que incomoda e que faz refletir.


Antes do Rap veio as Rimas para Leandro, mas essas só encontraram sentindo ao se juntarem com o Rap e ai amig@ ouso dizer que despertou o Emicida.


Se você ainda não ouviu então ouça esse som. E se você já ouviu ouça de novo. O link postado abaixo é da versão ao vivo que eu gosto mais, é que nela tenho a impressão que o Emicida se permite ir além.


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